Ensaio sobre a paixão

Quando falta paixão, parece que uma parte do coração não bate. Ou bate mais fraco, descompassado do resto, como se uma marcha não entrasse. A vida fica meio borocoxô, por mais que todo o resto ande bem. Tu tem um bom emprego, tá feliz com o corpo, tua casa é confortável e tá quitada, mas... E daí? Sei lá, parece água morna.
Talvez seja isso. A vida fica morna sem paixão. Não to falando só de paixão “carnal”, aquela que não te deixa pensar direito. É paixão pelo que tu tem, pelo que faz, pelo que quer. Por tudo que ainda vai conquistar, talvez até paixão por tudo aquilo que ainda vai querer.

Sei lá se é verdade que a paixão só dura dois anos, talvez até seja. Mas, E QUE dois anos serão! A paixão é o sal, o açúcar, o manjericão e a pimenta das coisas. É o queijo da pizza, o gás da Coca-Cola, a cereja do bolo. As coisas funcionam sem paixão, mas perdem toda a graça.

E indo diretamente à paixão que interessa. A que atiça corpo e alma, que arrepia, que faz suar, que faz dilatar, que ruboriza e saliva. Essa que tanto falta, que tanto sobra. Paixão não é só química, sabe. É a matemática de somar e multiplicar, é literatura, é educação física. É desafiar as leis da física, é aceitar as leis da biologia. É gemer igual bicho, é tremer igual folha, é flutuar como nuvem e derreter feito neve.

Paixão é um sentimento tão forte que dá água na boca só de pensar, de lembrar que existe. A saudade da paixão doi mais, o cheiro da paixão é mais forte, a lembrança da paixão é mais viva.

Difícil é se apaixonar por quem a gente ama. E tem que ser difícil mesmo, tem que ser batalhado, tem que insistir, porque amor com paixão é sentimento completo. É café com leite, morango com chocolate, praia com sol, cerveja gelada, é riso de criança.

Bom mesmo é ter motivos para se apaixonar todo dia, seja pela vida que escolheu, seja por quem também te ama. Vai por mim, isso é basicamente felicidade em drops!

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