"deixa eu te abraçar, não sei quando te vejo de novo"


(serei totalmente egoísta neste post)

Dizem algumas crenças que voltamos várias vezes (aliteração detected) a este mundo para aperfeiçoar nossa alma.

No meu caso, alguma coisa saiu errada, acho. Eu voltei sem ter morrido!

Quando conheci a Tônia achei que ela era meu alter ego, mas pra isso existe a Tapada de Nojo. Depois, fui achando que era só identificação, somos amigas e só as semelhanças vinham aparecendo, devia ser impressão e só.

Mas depois da festa da rádio eu comecei a me assustar com as coisas. O Dani Iserhard e o Fábio Petry tiveram a certeza de que sua audição é estéreo, porque eles escutavam exatamente as mesmas coisas ao mesmo tempo, só que a gente (a Toti e eu) nem tinha ensaiado nada!

Agora o tempo vai passando, as situações acontecem no mesmo dia, as frases vêm no MSN ao mesmo tempo, uma responde a pergunta da outra sem que ela tenha perguntado – mas pensou em perguntar – até o ápice, na sexta-feira passada: rasgamos nossas calças preferidas. A Toti ao tirar do varal, eu ao descer do ônibus.

Fora a bota preta peludinha que nos derrubou, os cachorros que mais parecem cópias caninas de nós mesmas, a família indescritível, os amigos que amamos.

Hoje a Toti ta de aniversário e eu me senti com 32 anos. Ta, parei.

O mais legal de tudo é que, conhecendo a Tônia, eu to conseguindo resgatar quem eu era. Lembrei da leveza com que eu sempre encarei a vida, tirei as nuvens acinzentadas que vinham me rondando, resgatei minhas roupas pretas – eu tinha esquecido que sempre tive um estilo específico pra me vestir -, voltei a ser uma peFFoa feliz.

Toti, sei que deveria te dizer “parabéns, muitas felicidades, sorte, oportunidades, força e tudo mais que vida puder te trazer de bom”, mas disso tudo tu já sabe.

Eu preciso é te agradecer por ser quem tu é e por ter resgatado quem eu sou.

Lilás, queria também te deixar de “sobreaviso”: cuidado pra não fazer as mesmas merdas que eu, de repente não tem uma guriazinha de 11 anos pra ser a outra de nós!

Te amo, me amo, sei lá, me perdi!

Quando eu crescer...

Adoro quando encontro pessoas que escrevem o que eu queria ter dito mas ainda não tenho capacidade. Ainda, pois quando eu crescer, quero ser a Lya Luft!!

Cancao das Mulheres - Lya Luft


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.
Que o outro note quando preciso de silêncio e não saia batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos por que estou quieta.
Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.
Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.
Que se eu faço uma bobagem, que o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso fazer tolices tantas vezes.
Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.
Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo mais um pouco – em lugar de voltar logo à sua vida, não porque lá está sua verdade mas talvez seu medo ou sua culpa.
Que se começo a chorar sem motivo depois de um dia daqueles, o outro não desconfie logo que é culpa dele, ou que não o amo mais.
Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo “Olha que estou tendo muita paciência com você”.
Que se me entusiasmo por alguma coisa o outro não a diminua, nem me chame de ingênua, nem queira fechar essa porta necessária que se abre para mim, por mais tola que lhe pareça.
Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.
Que quando levanto de madrugada e ando pela casa, o outro não venha logo atrás de mim reclamando: “Mas que chateação essa sua mania, volta pra cama!”.
Que se eu peço um segundo drinque no restaurante o outro não comente logo: “Poxa, mais um?”.
Que se eu eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.
Que o outro – filho, amigo, amante, marido – não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.
Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa – uma mulher.