Pessiminha

Eu tenho uma priminha chamada Rafaela. Linda de doer, esperta, grande pra seus 2 anos e 4 meses, liiiinda de dar raiva!
Ontem, dia das Mães, aconteceu a seguinte conversa:
- Rafaela, tu sabe quem é tua mãe?
- Minha mãe é tu!
- E quem é a mãe do mano?
... alguns segundos depois...
- O pai é a mãe do mano!

O meu destino é ser Star!

Digo egoisticamente que trouxe boas notícias: passei no Exame da OAB!

Foram 7 meses. Posso dizer que estudo foi o de menos, tive muito stress, muita ansiedade, muito desânimo.

Desde outubro do ano passado, ainda findando a monografia já comecei a pensar que o Exame estava aí e que eu precisava da aprovação. Coloquei a aprovação como meta na minha vida e me frustrei porque talvez eu não conseguisse de primeira.

Sabia das dificuldades, o que eu não sabia, e ainda não sei, são as minhas capacidades. Sempre me dizem que Deus nunca dá a cruz maior do que possamos carregar. Independente da minha crença religiosa, essa frase faz sentido. Acho que  não há nada que nos acontece na vida que não possa ser superado. Custa tempo, custa paciência, custa perseverança, mas passa.

A prova foi dia 18 de abril, e pelos gabaritos extraoficiais eu estava passada, aprovada, com alguns errinhos mas nada que impedisse a aprovação, mas não adianta. Quando a gente quer muito alguma coisa, só acredita na realização quando pode ser vista. Tinha medo de me iludir. Me sentia incapaz de pensar em qualquer outra coisa. Me senti carente, sozinha, outras vezes eufórica.

Eu conseguia ficar extremamente feliz e extremamente triste pelo mesmíssimo motivo. Bipolar é para os fracos.

Mas hoje estou aqui com o meu nome na lista dos aprovados. Não é como vestibular. E digo, agora que passei por ele, o Exame da Ordem não está testando conhecimentos de verdade, tem muita gente boa que não consegue passar e muita gente que nunca se dedicou que consegue também a aprovação.

Mas acredito que isso não deve tirar o meu mérito. Eu sei o quanto foi difícil chegar até aqui e quanta gente gostaria de estar no meu lugar.

Eu passei o dia inteiro programando como seria quando eu lesse o resultado. Preparei mensagem para os amigos/parentes avisando da minha aprovação e salvei nos rascunho, deixei msn’s abertos já escritos um ‘passei’ só pra dar enter, preparei twitter, preparei orkut, deixei o número do telefone do meu namorado já digitado pra ele ser o primeiro a saber, após meus pais. Eu gritaria. Eu sabia e não queria acreditar. Se não desse certo, era só fechar e ignorar tudo, se desse, estava tudo em mãos.

Pois eu vi meu nome, minha voz não se alterou, falei pra mãe que estava no outro quarto: Passei, saiu o resultado agora! A mãe veio me abraçar, foi correndo falar para o meu pai, eu ouvia os gritos de faceiros deles. Meu ânimo não se alterou, mandei as mensagens, mandei pro meu namorado também, ele já estava em aula. Meu saldo acabou, não sabia quem tinha e quem não tinha recebido a mensagem, mas no fim, o pesadelo havia acabado, já está mais do que na hora de eu acordar. Não foi historinha pra boi dormir, demorei pra dar conta que eu estava no planeta Terra, foi estranho, me sentia anestesiada. Por pouco não perguntei pra minha mãe ‘It’s a real life?’.

Eu sei que a OAB acabou. Sabe qual é o choque da realidade? Agora preciso pagar anuidade! ¬¬

Parabéns pra mim, mas a vontade que tenho é de gritar, beeeeeeeeeeem alto. Correr pra beeeeeeeeeeeeeeem longe  e de tudo isso saber que as coisas recém começaram.